terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pai, doce pai...




Convido você a ler a Escritura em Lucas 15: 11-24.
Temos aí a imortal parábola do Filho Pródigo.


O que nos impressiona neste breve relato é a figura do PAI. Como é doce termos a liberdade de, seja qual for a circunstância, poder exclamar: “Pai, meu Pai”. Às vezes no perigo, outras na alegria do lar poder clamar: “Pai, meu Pai...”

Acompanhei um casal que, depois de gerar quatro filhos, se separou. E separados ficaram por longos quinze anos. Deus permitiu um grave problema que custou a vida de uma filha de 25 anos; o casal sofreu quatro meses acompanhando a enfermidade da filha querida até a morte. E nos meses de dor, o casal se uniu. Após o sepultamento, pelo telefone a esposa exclamou: “Agora tenho marido, aleluia, glória a Deus”.

Eu tive pai e mãe na minha infância. Quando entreguei meu coração a Cristo, o deus que eu adorava era de terror e vingança. Quando Cristo fez morada no meu coração, descobri que, além do pai biológico, eu tinha um Pai, que me amou, um Pai que entregou o Seu Filho Unigênito, que deu Sua vida num madeiro vil, e me amou de tal maneira que se tornou meu Pai no poder do Espírito Santo, um Deus que está perto de mim, um Deus que cuida de mim, que me protege e me abençoa. Tanto na alegria, como na dor, posso invocá-Lo e chamá-Lo Pai, doce Pai. Ele, na Sua misericórdia, acompanha meus passos e me leva para o Seu colo, me carrega e me socorre e livra. Meu coração está unido ao Seu e posso sentir o calor da Sua graça infinita tanto na dor, como na delícia do lar, exclamo meu Pai, doce Pai. E Ele me abraça, aperta-me no peito e me enche de alegria e de gozo e fala ternamente ao meu coração, a palavra serena que me acalma e me abençoa e retempera minhas forças para a luta. Ó, somente quem experimenta, pode exclamar “Pai, doce Pai...”.

Experimente a doçura de um Pai que habita no seu coração. Até na hora da morte podemos, como Estêvão, dizer: “Pai, recebe o meu espírito”.

Temos em Lucas 15.11-24, a figura do Pai do filho que se tornou o pródigo. Há uma relação íntima do pai do Pródigo, com nosso Pai Celestial.

O pai da parábola era como um que temos hoje. Com os mesmos sentimentos, as mesmas reações que experimentamos.

Era um pai que gozava as delícias do lar. Ele amava e era amado.

Era o provedor do lar. Tinha alguns recursos materiais. Nada faltava naquela família.

Tinha dois filhos que, com o pai, trabalhavam nos cuidados do lar. Nada faltava naquele lar. Harmonia perfeita. Doçura. Respirava-se gozo e paz.

Um dia, o filho mais novo resolveu deixar o lar e experimentar a vida que ele achou que seria de liberdade. Chegou diante do pai e foi logo dizendo: “Quero a parte dos bens que me tocam”. O pai criou um filho livre e, nessa triste hora de separação, garantiu ao filho a escolha.

E o filho, ajuntando o que era seu, partiu na esperança de um mundo melhor. O pai sabia que a escolha do seu filho mais novo era errada, mas consentiu. E o filho partiu.

O que o jovem fez na terra distante, todo mundo sabe. Gostaria de enfocar o sofrimento do velho pai, enquanto o filho esbanjava os bens que levou da casa paterna. O Senhor Jesus resume o episódio dizendo: “Viveu dissolutamente”. Acabou com os bens que recebeu da herança paterna, e foi parar no chiqueiro. Com fome e até o que os porcos comiam lhe era negado.

O pai era pai e acompanhou o sofrimento do filho nessa vida miserável de chiqueiro.

Qual teria sido a preocupação do pai do pródigo durante a ausência do filho? O coração de pai sentiu dores que só um coração de pai sabe acompanhar. Enquanto o filho estava na orgia com seus amigos do mundo, aquele pai o acompanhava passo a passo. E, quando foi para o chiqueiro, quanto sofreu aquele coração de pai!

Neste ponto, exatamente o coração do pai do pródigo, se encontra com o coração do Pai celestial nos dias da encarnação do Verbo Eterno.

Nos anos do ministério terreno de Jesus, Ele estava sintonizado com o trabalho do Filho. Jesus disse: “Quem me vê a mim, vê o Pai”. Nada fazia sem a aquiescência do Pai.

Assim como sofreu o pai na ausência do pródigo, imaginemos o sofrimento do Pai de Jesus!

Reporto-me a duas situações em que o coração do Pai, sofreu. No Getsêmani, com os gemidos do Seu Filho querido. Primeiro Jesus disse “Minh’alma está triste até a morte”. Jesus estava só no Jardim. Judas o traiu. Os judeus estavam unidos, prontos para prendê-Lo. Os onze dormiam. A dor de tomar nossos pecados era tal, que o Senhor chegou a pedir “se possível, passe de mim esse cálice”. Não foi possível, por isso, bebeu, porque essa era a vontade do Pai. Na glória acompanhou, o Pai eterno sofreu com o Filho o drama do Getsêmani. O sofrimento do Filho era a dor do Pai.

O Horto estava em trevas. Era uma quinta-feira, para os judeus, já sexta-feira, pois o novo dia começava ao escurecer. O Getsêmani foi o padecimento espiritual, quando o Filho de Deus deveria tomar os nossos pecados.

No dia seguinte, para o judeu, ainda sexta-feira, foi o Calvário. Espezinhado, cuspido, açoitado barbaramente. Flagelado, carregou a cruz. Seis horas pendurado (Lc 23:44) permaneceu pregado naquele lenho. Mateus 27:45 lembra que foram seis horas de trevas. A natureza cobriu-se de luto. Por volta das três da tarde, Jesus clamou em alta voz: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste” (Mt 27:46). Nos quatro evangelhos, Jesus chama Deus de Pai. Neste brado, porém, chama o pai de Deus, e por quê?

Nesse momento, o Senhor Jesus carregava no seu corpo todos os nossos pecados, a ira de Deus estava sobre Eles. A justiça do céu caiu sobre Ele. A luz do sol voltou a brilhar. E a seguir dando um forte brado, disse: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Mt 27:50). Estava consumada a nossa salvação. Completa, completa a nossa salvação (Hb10:12). O sofrimento do Filho foi também o do Pai, e tudo porque nos amou e por isso, deu a Sua vida por nós.

O pródigo voltou para o aconchego do pai. Jesus voltou para o Pai (Jo 16:28), coberto de Glória, pronto para nos receber na Glória do Pai, como recebeu o ladrão que estava ao seu lado.

Pr. Enéas Tognini

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