quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pastor Cláudio Duarte



Além de muito estudo da Bíblia, também testemunhos pessoais e literaturas especializadas têm ajudado a enriquecer e consolidar o acervo de conhecimentos de Cláudio sobre o assunto.

Mas, como foi que esse tema entrou na vida do entrevistado deste mês da revista Comunhão? Inicialmente designado para trabalhar com os jovens da sua igreja, ele começou a ser solicitado para ministrar aos pais e familiares e, como consequência natural, acabou por se envolver na área de relacionamento conjugal.

Pastor Cláudio trabalha com o MMI, o Ministério Casados para Sempre, e ministra seminários pelo Brasil há quatro anos. Está prestes a publicar seu primeiro livro, no início do próximo ano, pela editora Central Gospel, obra em que vai reunir algumas de suas palestras. Nesta entrevista, exclusiva para Comunhão, ele responde a dez questões polêmicas na área de sexualidade e casamento.

Muitas pessoas acreditam que, se optarem pelo divórcio, irão para o inferno. Também há dúvidas sobre se é permitido casar novamente tendo o ex-cônjuge vivo. O que a Bíblia afirma sobre isso?

Quando o assunto é divórcio, é sempre polêmico, porque a Bíblia dá uma visão muito interpretativa sobre o tema. Mas, em primeiro lugar, digo que sou radicalmente contra e, de púlpito, nunca defendo, até porque pode haver alguém querendo só um aval do pastor para se divorciar. Ao mesmo tempo, não dá para afirmar muita coisa sobre esse assunto, pois não há um texto que dê base bíblica para isso. Já com relação a um novo casamento, encontramos textos que nos orientam a não casar de novo. Eu trabalho em prol da união conjugal. Para mim, se for possível reatar, melhor. Mas há casos em que os parceiros deixaram o casamento entrar numa dimensão tão difícil que reatar é humanamente impossível, e a pessoa acaba partindo para outro relacionamento. Digo humanamente porque, para Deus, nada é impossível. Eu não concordo, mas aceito e tolero. Eu acho que uma pessoa optar por se casar de novo, mesmo tendo o ex-cônjuge vivo, pode ser lícito somente dentro de uma análise muito particular, pois cada caso é um caso.

Um cristão ou cristã, cujo companheiro(a) é incrédulo(a), é obrigado(a) a continuar o relacionamento, de acordo com a Bíblia?

Sim. Temos as cartas escritas pelo apóstolo Paulo onde encontramos textos que dizem que se a mulher for incrédula e o homem cristão, ela é santificada por ele. O convívio deve ser no sentido de mostrar para aquele que é incrédulo o poder transformador de Cristo. É a leitura mais correta que a pessoa pode ter do Evangelho.

Quais as dicas para fazer o casamento durar?

Em primeiro lugar, ser extremamente paciente, porque ninguém pode machucar alguém mais que seu próprio cônjuge. Quanto maior a proximidade, maior a possibilidade de atrito. Depois, deve-se aprender a respeitar a pessoa do jeito que ela é, e não querer que ela seja como você gostaria que ela fosse - porque ninguém consegue esse padrão. A partir do momento que eu amo minha esposa do jeito que ela é, vou respeitar as diferenças, não vou querer que ela tenha a mesma performance que eu gostaria que ela tivesse, porque ela não vai poder se enquadrar nesse ideal. Outro fator primordial é ter Jesus como o centro do seu relacionamento. Porque se Jesus não estiver no casamento, hoje, do jeito que nós vamos, com os valores invertidos do mundo moderno atual, não poderemos equacionar isso.

É pecado um casal cristão assistir filme de sexo?

Sim. Pornografia é pecado. Até porque nós, cristãos, acreditamos em questões espirituais e essa situação de visualizar o corpo de outra pessoa, observar a nudez e o prazer sexual de outrem, é incorreta. Biblicamente, o ato é considerado pecado de lascívia. Também me perguntam se fantasias sexuais são permitidas. Depende da fantasia. Acho que não tem problema nenhum a mulher ou o marido se caracterizar com alguma roupa para agradar o parceiro e dar "aquela apimentada". O que não pode é o corpo deixar de ser o centro do desejo.

É pecado o casal cristão ir a motel?

Sim. Não temos uma referência bíblica direta que embasa isso, mas temos a visão espiritual. Sabemos que o ambiente do leito de um motel é totalmente demoníaco. Com certeza, não há anjos do Senhor num local desses, por se tratar de um ambiente totalmente maligno, já que a maioria dos relacionamentos mantidos num leito de motel são extraconjugais, homossexuais etc. Há o risco de entrar num local com sua esposa onde, duas horas atrás, um casal homossexual esteve praticando sexo. O motel é um local de alta rotatividade de pessoas e a finalidade é ser um ambiente propício para práticas sexuais proibidas. Não vemos família frequentando motel, mas um hotel ou uma pousada. Com certeza, não é um local recomendado para o casal estar.

O que deve fazer a pessoa que se queixa de ter perdido o interesse sexual pelo seu esposo(a)?

O interesse do casal varia. O homem se interessa pelo que vê e a mulher pelo que ouve. Quando o homem está desinteressado, a mulher deve dar uma melhorada em sua aparência, pois o homem não anda vendo boa coisa (risos), e aí pode desanimar. Já a mulher se motiva mais pelo ouvido, principalmente por elogios. Para o homem, o segredo de motivar a mulher é elogiar e agradecer. Então, se o camarada está ausente, ela deve dar um jeito no visual. Mas no caso de ambos, pode também ser uma questão de trabalho e estresse. Aí, é rever essa situação.

Como o casal deve falar sobre sexo com seus filhos?

A adolescência precisa muito dessas orientações. Hoje, a mídia incentiva muito a sexualidade precocemente, inclusive insinuando a homossexualidade. Então, a melhor maneira de falar de sexo com seu filho é ele vendo que seus pais têm um bom relacionamento sexual e conexão emocional. Ver gestos de carinho, pedidos de perdão no dia a dia, mostra que o relacionamento conjugal é algo bom. Isso motiva, e como cristãos também temos que motivar nossos filhos à consciência de que sexo só deve ser praticado depois do casamento. Temos que prepara-los para todas as situações, ensinando, inclusive, sobre métodos anticoncepcionais, porque se um filho menor de idade engravida uma jovem, a responsabilidade civil é dos pais. Então, a melhor maneira é dialogar com liberdade e ter maturidade para conversar abertamente, não deixando para tocar nesse assunto tarde demais. Quanto mais cedo começar a falar sobre sexo, melhor, para evitar constrangimento com os filhos.

A Bíblia dá permissão para o divórcio, no caso de traição?

Não. Para mim, só aconselho divórcio no caso de risco de morte, quando há uma ameaça do cônjuge. Mas é claro que se há uma repetição de comportamento de adultério, a pessoa não quer mudar, tem problema de caráter, já é um pouco diferente. O indivíduo não precisa ficar tolerando uma pessoa infiel. No caso de acontecer um deslize e a pessoa for infiel em uma ocasião, você pode perdoar e levar o relacionamento adiante. Agora, a pessoa não pode ficar o tempo todo se submetendo, porque antes de amar seu próximo, deve amar a si mesmo e amar a Deus sobre todas as coisas. Amar alguém acima de si mesmo é cometer uma infração. No Antigo Testamento, vemos que Moisés só concedia carta de divórcio pela dureza dos corações, mas não porque Deus instituiu. O que foi instituído por Deus foi o perdão por meio de Cristo.

Há cônjuges que se veem numa situação de total incompatibilidade. Qual a orientação, nesse caso?

Quando o assunto é homem e mulher, somos diferentes mesmo, não tem jeito. Muitas vezes, já no namoro o casal vê que não é compatível, mas mesmo assim comete o erro de ficar junto. Anestesiados pelo poder da paixão, levam adiante o relacionamento. Aí, a culpa não pode ser da Palavra de Deus, do diabo, nem de ninguém. Então, a orientação que dou é respeitar as diferenças, já que o casamento é para a vida inteira. É só ver que a pessoa tem defeitos, mas também tem suas qualidades. Um dos grandes desencontros e motivos pelo qual as pessoas me procuram é a área sexual. Por exemplo: o homem quer fazer sexo todo o dia, pois ele pensa em quantidade e a mulher gosta de qualidade. Nesse caso, aconselho a superar as diferenças. A melhor maneira é com diálogo, que é uma das primeiras coisas que tende a acabar quando vem a crise. Por isso é que ele deve ser acompanhado, orientado. Eu trabalho muito com isso, deixando o casal dialogar com assistência pastoral, intermediando a conversa.

Há situações em que o casal já tentou salvar seu casamento de várias maneiras, sem êxito. Neste caso, o que fazer?

Não é o tamanho do esforço empregado que vai garantir o sucesso, e sim o esforço empregado de maneira correta, com um bom aconselhamento, uma literatura boa, um trabalho de oração significativo. É como tentar serrar uma madeira com um serrote ou usando serra elétrica. Ambos vão funcionar, a diferença que com um método o resultado virá bem mais rápido. Muitos podem estar tentando há muito tempo de maneira errada.

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