domingo, 9 de setembro de 2012

O fascínio das torres...



A primeira torre de que se tem notícia é a Torre de Babel, construída com tijolos bem queimados colados um ao outro com betume, muitos anos depois do dilúvio, numa planície do território de Sinar, onde hoje fica o Iraque. A iniciativa foi da comunidade que habitava aquela região e tinha o objetivo de tornar célebre o seu nome. Seria também um ponto de referência visível a todos, para que ninguém se afastasse demasiadamente daquele sítio (Gn 11.1-9). A Torre de Babel revelava uma atitude unânime de autonomia e de rebelião contra Deus, cuja vontade era que o povo se espalhasse pela terra. É possível que a torre tivesse a altura de um prédio de 22 andares (90 metros), o que seria algo fantástico naquela época.

Muitos anos antes de Abraão, os egípcios começaram a construir torres em forma de pirâmides, nas quais enterravam os seus faraós. A mais notável é a Grande Pirâmide, que consumiu dois milhões de blocos de pedra de 2,3 toneladas em média e contou com o trabalho de 400 mil homens durante 20 anos, entre 2600 e 2500 a.C. Essa pirâmide tinha originalmente a altura de 147 metros e sua base assenta-se sobre uma área de 5 hectares.

A Torre de Pisa, na Itália, com a altura de 55 metros, gastou 199 anos para ser construída (1173 a 1372). Embora inclinada, é a mais antiga torre ainda de pé, salvo as pirâmides do Egito.

Construída em Paris em 1889, a Torre Eiffel, de 300 metros de altura, consumiu 6.700 toneladas de ferro e aço. Durante algum tempo, foi a torre mais alta do planeta.

No final do século 19 e início do século 20, os americanos inventaram os edifícios de muitos pavimentos, aos quais deram o provocativo nome de arranha-céus (sky-scrapper), que faz lembrar a intenção dos construtores da Torre de Babel: “Edifiquemos para nós uma torre cujo topo chegue até aos céus” (Gn 11.4). Em 1931, na ilha da Manhattan, em Nova York, foram construídos o Rockfeller Center e o Empire State Building, este 81 metros mais alto que a Torre Eiffel.

A partir da segunda metade do século 20, começou uma corrida mundial na construção de torres, cada uma maior que a outra. Em ordem crescente de altura, citam-se as duas torres do World Trade Center (417 metros), também em Manhattan, Nova York; as Torres Petronas (450 metros), em Kuala Lumpur, na Malásia; a Torre da Sears (527 metros), em Chicago, nos Estados Unidos; a Torre de Ostankino (540 metros), em Moscou, na Rússia; e a Torre CN (550 metros), em Toronto, no Canadá.

Nos próximos 15 anos, deverá ser erguida em Xangai, na China, uma torre que terá mais de um quilômetro de altura (1.127 metros), quase três vezes a altura do Empire State Building. Dará moradia a 100 mil pessoas e abrigará ainda hotéis, cinemas, escolas, parques e restaurantes. É a Torre Biônica.

Essa teimosa e estranha atração humana por altura tem relação com a altivez de espírito. A idéia é fazer algo grandioso que chegue até o céu e que torne célebre o nome de alguém ou de algum povo, como denuncia o livro de Gênesis ao se referir à Torre de Babel (Gn 11.4). 

A resposta de Deus a essa tentação é sempre a mesma: “Terá de se humilhar o olhar soberbo do ser humano, o espírito arrogante do homem vai se rebaixar. Naquele dia só o Senhor será exaltado. Pois é o dia do Senhor, o Senhor dos exércitos, contra soberbos e orgulhosos, contra todo arrogante, que será humilhado, contra os tais “Cedros do Líbano” altaneiros e aprumados, contra os “Carvalhos de Basã”, contra toda “Montanha altaneira” ou “Serra elevada”, contra as “Torres altíssimas” ou “Fortalezas invencíveis”, contra a frota mercante e os artigos de luxo. A arrogância humana terá de se ajoelhar, a altivez do homem vai se rebaixar. Naquele dia só o Senhor será exaltado.” (Is 2.11-17, CNBB.)

Parece que foi isso que aconteceu em Nova York e no mundo em apenas 15 minutos (entre 8h48 e 9h03) no dia 11 de setembro de 2001.

Imprevisibilidade

Depois de passar uma semana em poder de seus seqüestradores, Patrícia Abravanel, 24 anos, filha de Sílvio Santos, voltou para casa sã e salva mediante o pagamento de um resgate no valor de meio milhão de reais. Foi no dia 28 de agosto de 2001, uma terça-feira. No dia seguinte, os jornais deram a boa notícia: “A tranqüilidade volta à família de Sílvio Santos”.

Dois dias depois que Patrícia havia sido libertada, às 6h30 da manhã, quando ela, suas irmãs e sua mãe ainda dormiam, o seqüestrador, depois de assassinar dois policiais em Barueri, voltou à casa de Sílvio Santos e o manteve sob a mira de um revólver por sete horas.

A família do poderoso apresentador e dono do SBT não sabia como seria o dia seguinte. Talvez dona Íris, esposa de Sílvio Santos, tenha encontrado e lido em voz alta a passagem bíblica que diz: Vocês não sabem como será a sua vida amanhã.

No dia 14 de julho de 2001, cientistas americanos enviaram para o espaço de uma base militar no Pacífico uma ogiva antimíssil que deveria destruir no ar um míssil balístico disparado da Califórnia. O artefato rasgou o céu a 24 mil quilômetros horários e em 21 minutos fez o que havia sido programado. O míssil “atacante” estava desarmado, mas poderia transportar ogivas de até 2 megatons, potência equivalente à de 133 bombas iguais à que foi jogada sobre Hiroshima em agosto de 1945. Esse foi o quarto teste para colocar em funcionamento o escudo antimíssil, o único bem-sucedido. Trouxe um avanço considerável para dar aos Estados Unidos uma supremacia militar sem precedentes no planeta e na história.

Quase dois meses depois, no dia 11 de setembro de 2001, numa terça-feira pela manhã, terroristas camicases, armados apenas de pequenas facas, dominaram a tripulação de três aviões e os lançaram de encontro às torres do World Trade Center, em Nova York, e ao Pentágono, em Washington, causando destruição, morte e a mais tremenda humilhação jamais experimentada pelos Estados Unidos.

Eufóricos com a hegemonia americana e com a guerra nas estrelas, o presidente George W. Bush e os 285 milhões de americanos não sabiam como seria o dia seguinte. Talvez o secretário de Estado, Colim Powell, tenha encontrado e lido em voz alta na Casa Branca a passagem bíblica que diz: Vocês não sabem como será a sua vida amanhã.

Chama-se Christopher Reeve o bem-sucedido ator de Hollywood que fez o papel principal do filme Superman I. Como Super-Homem, ele era sempre o herói que aparecia e desaparecia, que atravessava paredes, que subia perto da lua, que arrancava aplausos de todo mundo.

Em 1995, numa competição hípica, Reeve caiu do cavalo e fraturou as duas primeiras vértebras da coluna cervical. Tetraplégico desde então e respirando por meio de um aparelho, o máximo que o ex-ator consegue hoje é fazer pequenos movimentos com o dedo polegar de uma das mãos e com o punho da outra, assim mesmo graças ao seu espírito forte.

Christopher Reeve jamais imaginou que sua brilhante carreira de ator seria tão humilhantemente interrompida. Talvez sua adorável esposa Dana tenha encontrado e lido em voz alta para o marido e seus três filhos a passagem bíblica que diz: Vocês não sabem como será a sua vida amanhã.

No ano 539 a.C., Belsazar, rei da Babilônia, deu um monumental banquete para mil nobres de seu reino e ainda convidou suas mulheres e concubinas. A prataria usada no banquete havia sido roubada do templo de Jerusalém por seu avô, o rei Nabucodonosor, cinqüenta anos antes. Eles estavam bebendo vinho e louvando seus deuses de ouro, prata, bronze, ferro, madeira e palha.

De repente, apareceram uns dedos de mãos humanas riscando alguma coisa na parede branca, na parte mais iluminada do palácio. Era algo fantástico, que metia medo. Belsazar ficou tão assustado que os seus joelhos batiam um no outro e as suas pernas vacilaram. Não dava para entender o sentido ou o recado das três palavras escritas na parede: “Contado, pesado, dividido”. Depois de uma correria para encontrar alguém que pudesse interpretar aquela mensagem, apareceu o profeta Daniel, com a seguinte explicação: “Contado quer dizer: Deus contou os dias de seu reinado e já marcou o limite; pesado quer dizer: Deus pesou o rei na balança e faltou peso; e dividido quer dizer: o seu reino será dividido e entregue aos medos e persas” (Dn 5.26-28, EP).

O que estava escrito na caiadura da parede se cumpriu literalmente. Naquela mesma noite, Belsazar foi morto e Dario, o medo, apoderou-se do reino, com a idade de 62 anos, pondo fim ao Império Babilônico.

Belsazar e os seus grandes, bem como as mulheres e as concubinas deles, não sabiam como seria o fim daquela noite festiva. Talvez Daniel tenha encontrado e lido em voz alta a passagem bíblica que diz: Vocês não sabem como será a sua vida amanhã.

Certo fazendeiro, dono de uma propriedade maior que o Estado do Espírito Santo, conhecido como o rei da soja, percebeu que os seus celeiros eram poucos e pequenos para guardar a abençoada safra daquele ano agrícola. Então disse para si mesmo: “Já sei o que vou fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores para guardar todos os meus grãos. Meus bens são tantos e vão durar tanto tempo, que vou descansar, comer, beber e alegrar-me. Vou viajar por este mundo todo, hospedar-me nos melhores hotéis, comprar tudo o que eu quiser, sair com as mulheres mais bonitas, freqüentar os melhores teatros, gozar a vida e gastar, gastar e gastar.” (cf. Lc 12.13-21).

Naquela mesma tarde, a caminho de casa, o fazendeiro meteu a motocicleta numa árvore e morreu ali mesmo.

O rei da soja não sabia como seria aquela tarde. Talvez o capataz tenha encontrado e lido em voz alta para todos os empregados da fazenda a passagem bíblica que diz: Vocês não sabem como será a sua vida amanhã.

Nada é pior que a imprevisibilidade. Ela surpreende sempre. Por isso é bom ler e reler continuadas vezes esta passagem bíblica:

Agora escutem, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos a tal cidade e ali ficaremos um ano fazendo negócios e ganhando muito dinheiro!”

Vocês não sabem como será a sua vida amanhã, pois vocês são como neblina passageira, que aparece por algum tempo e logo depois desaparece. O que vocês deveriam dizer é isto: ‘Se Deus quiser, estaremos vivos e faremos isto ou aquilo’. Porém vocês são orgulhosos e vivem se gabando. Todo esse orgulho é mau. Portanto, comete pecado a pessoa que sabe fazer o bem e não faz. (Tg 4.13-17, NTLH.)

ultimato

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