domingo, 18 de setembro de 2011

Com seu sangue, Cristo nos comprou



Vocês foram comprados


O costume de comprar pessoas sumiu quase por completo com o fim da escravatura. Hoje, encontrar um mercado que comercializa humanos como mercadoria, só em cenas do passado ou de filmes. Valores monetários estipulados de acordo com a aparência, idade e habilidades de seres humanos felizmente não existem mais no mundo civilizado. Gado e carros podem ser avaliados de acordo com o mercado, um ser humano não. Trocar uma filha por um valor monetário nos parece fundamentalmente errado. A consciência rejeita a idéia como injusta, iníqua e como violação de algo sagrado.

Esta verdade não desmente a veracidade da frase que Paulo escreveu para os coríntios há séculos. O apóstolo declara que eles foram comprados por alto preço e que não pertencem a si mesmos. Uma afirmação como esta seria chocante no contexto contemporâneo caso se tratasse da aquisição por um chefe ou dono de uma indústria.



Mas no contexto bíblico parece natural. Quem fez a transação foi Deus, e o alto preço foi a entrega do seu Filho unigênito para morrer no lugar de devedores totalmente incapazes de saldar suas dívidas morais e espirituais. Os 24 anciãos do Apocalipse concordam, cantando: “Foste morto, e com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação” (5.9, NVI).



ALGUMAS IMPLICAÇÕES

Pertencer a outra pessoa tem implicações sérias, e Paulo não omitiu algumas das mais óbvias para aqueles que pertencem a Deus.



1) Imediatamente após ele ter informado aos coríntios que os cristãos não eram donos de si mesmos, Paulo apela à lógica: “Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo” (1 Co 6.20b). Quanto mais alto o preço pago por um artigo ou, neste caso, uma pessoa, ficava certo que aquele que os comprou tinha um propósito especial em desembolsar o altíssimo valor.



Quando o Unigênito Deus (o Logos) se fez carne e viveu entre os homens, “eles viram sua glória... cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). João disse que os discípulos não deixaram de observar sua mansidão, bem como o seu cuidado com as pessoas excluídas da sociedade. Notaram sua completa honestidade, bondade e amor. A reflexão do caráter de Deus nas suas decisões e ambições foi clara. Acima de tudo, perceberam a glória de Deus em sua disposição de sofrer as mais inconcebíveis agonias em favor de todos os que nEle confiassem. Deus comprou pessoas para adquirir a imagem do seu Filho.



2) Se não sou dono de mim mesmo, sou sujeito à vontade de quem me comprou. Dar plena atenção à vontade dEle teria prioridade. Paulo orou pelos colossenses pedindo que “sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual” (Cl 1.9). Lembrou aos romanos que os que são guiados pelo Espírito são realmente filhos de Deus (8.14), e não apenas os que se pronunciam membros da sua família. O protesto de Jesus em Lc 6.46 – “Por que vocês me chamam ´Senhor, Senhor´ e não fazem o que eu digo?” – revela seguidores professos, mas não verdadeiros. Pertencer a Deus significa obedecer às suas ordens.



3) Prostituição e toda prática sexual impura nega a relação de posse por parte de um Deus três vezes santo. “A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual” (1 Ts 4.3). Assim, o apóstolo reitera a rejeição divina de todo e qualquer relacionamento ilícito nesta área. “Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza e de cobiça: pois essas coisas não são próprias para os santos” (Ef 5.2).



4) Em todos os que não pertencem a si mesmos, precisa existir uma consciência clara de que todo serviço prestado e toda atividade praticada, seja no campo “secular” ou no espiritual, deve ser em favor do seu dono. O valor, para Deus, de todo esforço e tempo investido por parte dos seus servos deve ser para a alegria dEle. Deve visar o seu inteiro agrado. Comer, beber ou fazer qualquer coisa para a glória de Deus (1 Co 10.31) não exclui o prazer humano experimentado em todas essas atividades. Porém, o propósito prioritário precisa ser o prazer do Senhor – sempre.



Não acredito que haja qualquer novidade nestas linhas. Mas quando pensamos nos planos que traçamos, nas ambições e alvos almejados, detectamos desvios e falhas. Tanto a leitura da Palavra, a assistência aos cultos, a pregação do pastor, o meditar sobre o significado da vida, tudo pode falhar se não produzir uma submissão contínua ao Espírito Santo regenerador para responder à questão principal: que alvo tem essa atividade?



Russel Shedd

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