domingo, 25 de setembro de 2011

Impactos que a vida causa


A morte

“Nada é tão seguro como a morte, e nada é tão inseguro como a hora da morte”, disse o famoso Agostinho. Ainda que não tenhamos muito prazer em contemplar essa hora desconhecida, todos nós devemos aproveitar o ensejo de meditar sobre nossa partida.

Para muitos a hora da morte inspira temores acima de qualquer confronto com poderes invisíveis, ou a experiência de entrar na presença de um rei ou imperador. Diante da morte, passam pela cabeça, como relâmpago, os deslizes e tropeços da vida, os erros e pecados não confessados ou perdoados. Invade a mente, antes de a chama apagar, um pressentimento de assombro, de juízo e de pavor. “Tudo é escuro e incerto”, afirmou o historiador e escritor Edward Gibbon.

Francis Spira, advogado italiano de renome, foi persuadido a aceitar as doutrinas da Reforma. Pregou o Evangelho com convicção e poder no estilo de Savanarola, de maneira que houve possibilidade de a Itália aderir ao movimento evangélico que sacudia e transformava o norte da Europa. Mas o poder da Igreja foi tal que os representantes do papa o prenderam e o ameaçaram de morte, a não ser que se retratasse. O papel na sua frente demandava apenas uma assinatura para ele ser livre, enquanto o Espírito Santo lutava em sua alma dizendo: “Não assine!” Porém Spira afixou sua assinatura naquela folha. Salvou a vida terrena por poucos anos, mas perdeu sua alma. Na hora da morte disse: “Meu pecado é maior do que a misericórdia de Deus. Eu neguei a Cristo, voluntariamente. Sinto que Ele não me reserva nenhuma esperança” (Imortalidade, p. 252).

Uma das verdades mais importantes na Bíblia é o modo que a vida neste mundo impacta a vida no mundo vindouro. A parábola dos talentos transmite uma mensagem inegável. Os privilégios que ganhamos agora serão cobrados no encontro com Deus. O servo que recebeu cinco talentos ganhou mais cinco. Na volta do seu senhor, ele ouviu palavras dóceis: “Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito, venha e participe da alegria do seu senhor” (Mateus 25:21 – NVI).

Observou Johann Tauler (1300–1361): “Tudo o que negligenciamos aqui será perdido para toda a eternidade... Por isso, todo homem deve freqüentemente sondar seu próprio coração e procurar diligentemente até descobrir a quem ele pertence, o que ele mais ama e em que mais pensa, se seria de Deus ou de si mesmo, ou coisas criadas, mortas ou vivas... Aquele que indaga essas realidades com real cuidado, seguramente, saberá à qual ele pertence; não será apenas uma suposição” (A diary of readings, Editora J. Baillie).

Para os que fielmente andaram nos passos do seu Deus, a morte perdeu seu terror. Paulo chegou a questionar o que é que preferiria – sobreviver ou morrer. Disse: “Estou pressionado dos dois lados; desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (Filipenses 1:23 – NVI).

John Wesley, incansável pregador do século 18 e fundador da denominação Metodista, ergueu seus braços enfraquecidos num gesto de vitória, e elevando a voz debilitada em santo e indizível triunfo, gritou; “O melhor de tudo é que Deus está conosco” (Imortalidade, p. 253). John Bunyan, autor do Peregrino, declarou, “Ainda nos encontraremos para sempre, para cantar a nova canção e estarmos felizes eternamente num mundo sem fim. Tome-me, pois estou indo para Ti” (Imortalidade, p. 256).

CONCLUSÃO
Ainda que seja impossível descrever como sentiremos nesses últimos instantes em que nosso cérebro parará de funcionar, acredito que seria válido escutar as vozes dos que surgem das sombras da morte. A morte de um ateu, como o conhecido francês Voltaire, tem uma mensagem sombria para nós refletirmos antes do momento de partir. “Foi abandonado por Deus e pelos homens”, e então disse: “Doutor, dar-te-ei metade do que possuo se me deres mais seis meses de vida”. O médico respondeu: “Senhor, não podes viver nem seis semanas”. Voltaire respondeu: “Então vou para o inferno”, e logo depois expirou.

O temor é o princípio da sabedoria. Uma reflexão sadia sobre como será a última hora de sua vida na terra poderá ser um sábio exercício de inteligência preventiva. Graças à bondade de Deus, os que se entregam a Ele pela fé, recebendo sua oferta de perdão em Cristo, morrem com esperança e paz.

Russel Shedd é PhD em Teologia do Novo Testamento e doutor em Divindade.

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